Projeto: Produção de Perguntas-QU em Português Brasileiro Infantil: Movimento e Intervenção
Pesquisadora responsável: Profa. Dra. Elaine Grolla
Projeto em andamento (bolsa produtividade CNPq 2024-2027):
Neste projeto, propomo-nos a investigar dois aspectos do desenvolvimento infantil bastante discutidos e explorados na literatura internacional e que têm evidenciado dificuldades das crianças adquirindo as mais diversas línguas com relação às perguntas, a saber: a opcionalidade do movimento sintático e a presença de elementos intervenientes. A literatura sobre aquisição de perguntas-QU em português brasileiro (PB) tem mostrado, sistematicamente, que as crianças produzem QU-in situ a taxas baixíssimas, muito inferiores ao que é encontrado na língua adulta. Ademais, os estudos em PB que investigaram os efeitos de intervenção observaram que as crianças apresentam piores taxas de compreensão de estruturas envolvendo intervenção e evitam tal configuração em estudos de produção. De modo geral, as pesquisas em PB que investigaram os efeitos de intervenção concentraram-se na produção de orações relativas e na compreensão de orações relativas e perguntas-QU de objeto. Pesquisas tendo como foco a produção de perguntas-QU de objeto contrastando-as com perguntas-QU de sujeito ainda não foram realizadas. É esta lacuna que a presente pesquisa busca preencher. Ao testar crianças em idade pré-escolar em perguntas-QU manipulando a função sintática do elemento-QU (sujeito vs. objeto) e a especificação de traços do elemento-QU (QU [+NP] vs. QU [–NP]) teremos a possibilidade de observar o impacto das estruturas contendo elementos intervenientes na produção das crianças e poderemos responder à seguinte indagação: as crianças instadas a produzir perguntas-QU envolvendo a configuração de intervenção produzirão estratégias mais econômicas, como as perguntas com QU-in situ, mesmo essa não sendo uma estratégia a que elas recorram espontaneamente? Essa investigação envolve questões sobre a economia computacional e o processamento da linguagem, podendo lançar luzes sobre as dificuldades de processamento impostas pela configuração de intervenção e como isso pode influenciar as produções infantis, levando-as a produzir estruturas conhecidamente preteridas em sua fala espontânea.